Eles queriam um novo pet, mas acabaram levando uma raposa, pensando que era cachorro.
Uma família do Peru encontrou um lindo filhote em uma feira. Como o filho adolescente queria uma mascote, o animal foi adquirido. Todos acreditavam que se tratava de um cachorro, mas acabaram levando uma raposa para casa.
A confusão só foi descoberta por autoridades ambientais peruanas, depois que o filhote fugiu de casa e passou a atacar criações de galinhas e porquinhos-da-índia na vizinhança.
A família mora na periferia de Lima, a capital do país.
Run-Run
O pretenso cachorro foi batizado com o nome de Run-Run, algo como “corra-corra” em inglês, por ser um animal muito ágil. Maribel Sotelo encontrou o “cãozinho” em uma feira no centro da cidade, mas ela nunca poderia imaginar que estava literalmente levando uma raposa para o galinheiro.
Inicialmente, o cachorro brincava tranquilamente com todos os membros da família e era amigável com os animais de estimação dos vizinhos. Mas, à medida que o peludo crescia, começaram a surgir sinais de que alguma coisa estava errada.
O “cachorro” passou a perseguir patos e galinhas, gerando revolta entre os moradores. Não era apenas o gesto de brincadeira ou de guarda: Run-Run realmente pretendia matar e comer as aves.
O focinho pontudo, as orelhas proeminentes, as pernas altas e finas e a causa espessa, além do comportamento mais “selvagem”, diferente do esperado para os cachorros, “denunciaram” o animal, que havia sido vendido como um filhote de husky siberiano, por menos de R$ 70.
O tutor acabou descobrindo que, na verdade, Run-Run era uma raposa-andina (Lycalopex culpaeus), também conhecida como raposa-colorada ou zorro-colorado, o segundo maior canídeo da América do Sul, com porte menor apenas que o do brasileiro lobo-guará.
Assim como outras espécies do gênero Lycalopex, a raposa-andina não é uma “raposa verdadeira” (cujas espécies pertencem ao gênero Vulpes). Ela é mais próxima dos chacais e dos lobos. A espécie se distribui desde o norte do Equador até a Patagônia argentina.
Em poucos meses, Run-Run fugiu definitivamente de casa, mas nunca se afastava demais: ele era sempre avistado pela família e pelos moradores do local.
O “cachorro” continuou invadindo galinheiros, gaiolas e viveiros.
Uma senhora da vizinhança reclamou que a família Sotelo pagasse por três preás mortos por Run-Run, mesmo depois que ele escapou de casa. Desde então, os antigos tutores da raposa tiveram de ressarcir as perdas de diversos criadores locais.
A raposa-andina não está em extinção. De acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), que regularmente publica uma lista vermelha das espécies ameaçadas, a L.
culpaeus está classificada como “pouco preocupante”, apresentando baixo risco de desaparecer.
Run-Run foi adquirido no início de 2021 e fugiu em maio. Desde então, o Serviço Nacional de Florestas e Vida Selvagem (SERFOR), do Peru, vem tentando capturar o animal. Como é possível que ele tenha nascido em cativeiro e esteja adaptado à vida urbana, Run-Run deverá ser colocado em um zoológico peruano.
Maribel conta que Run-Run é muito inteligente. Como ele continua rondando a casa da família, como se entendesse o local como uma “base de operações”, os técnicos do SERFOR passaram a deixar alimentos com anestésicos, na tentativa de apreendê-lo.
A raposa, no entanto, separa cuidadosamente a carne dos remédios e não se deixa enganar. Por enquanto, as tentativas de agarrá-la estão sendo infrutíferas.
moradores do local já filmaram o animal em seus ataques e fugas.