Um cachorro foi atropelado e os amigos interromperam o trânsito para tentar protegê-lo.
O episódio aconteceu em Lanzhou, no oeste da China, uma movimentada cidade de mais de 1,8 milhão de habitantes. Um grupo de cachorros estava atravessando a rua, quando um deles foi atingido por um carro. Os amigos correram para rodear e proteger o amigo acidentado, chegando a parar o trânsito movimentado.
Os quatro cachorros, resolvidos a proteger o amigo, não se deram conta inicialmente de que o animal acidentado já estava morto.
Para afastar qualquer perigo, eles montaram guarda em torno da vítima, interrompendo o movimento dos carros.
Qualquer pessoa que já conviveu com um cachorro pode dar testemunho da lealdade canina: eles colocam a segurança e o bem-estar dos seus "tutelados" acima da própria vida.
Mesmo os cães de pequeno porte se mostram valentes e corajosos quando entendem que os tutores estão correndo algum tipo de perigo.
A lealdade não é observada apenas em relação aos humanos: os cachorros são protetores de todos os membros da família – inclusive os gatos, tidos como inimigos naturais (isto é quase uma lenda urbana).
Na rua, abandonados, os cachorros formam matilhas para se defender e sobreviver aos muitos riscos. Foi o que aconteceu em Lanzhou: os cincos animais estavam circulando pela cidade, procurando recursos para sobreviver mais um dia, quando um deles foi atingido por um carro.
O vídeo é emocionante e, ao mesmo tempo, angustiante. Os quatro cachorros realmente imaginaram que poderiam salvar a vida do amigo.
Eles se arriscaram também a serem atropelados e é possível imaginar muitos motoristas xingando os animais, depois de terem feito manobras arriscadas ou simplesmente terem perdido tempo com o engarrafamento que se formou.
A conduta esperada, em uma situação como esta, seria a fuga: "cada um por si e Deus para todos", como diz o ditado.
Os cachorros, no entanto, colocaram o espírito de equipe acima do individualismo e da própria segurança pessoal.
Eles não fugiram. Ao contrário, aproximaram-se do amigo agonizante e rodearam-no para protegê-lo de outro eventual ataque. São quatro cachorros de porte médio, sem nenhuma estrutura para se proteger de automóveis e caminhões.
No mínimo, eles quiseram demonstrar solidariedade ao amigo que gania de dor, revelando estar perdendo as forças vitais.
O vídeo bastante perturbador foi capturado por um motorista que passava no local e postado nas redes sociais.
Os veículos tentam se desviar, para não se chocar com outro animal da matilha. Enquanto o grupo monta guarda, um dos peludos pode ser visto se aninhando junto ao amigo acidentado, tentando proporcionar algum conforto.
Assim como as crianças pequenas, os cachorros não conseguem entender o fenômeno da morte.
Eles percebem a dor, o desconforto e o incômodo e quase sempre se mostram solidários aos sofredores, mas a morte, enquanto interrupção definitiva da vida, para eles é um mistério.
É como se eles pensassem: "Morreu, mas demora quanto tempo para se levantar?". Os cachorros, assim como nós, enfrentam um período de luto. Durante vários dias, eles procuram os amigos mortos – humanos, caninos ou de outra espécie.
Eles sentem muita falta. Alguns mudam os hábitos, deixando de comer, brincar e exercitar-se, exigindo muita dedicação dos tutores para superar a perda. No caso dos cachorros chineses sobreviventes, provavelmente eles encontraram consolo apoiando-se uns nos outros.
A vida nas ruas é sempre difícil: não há oferta de alimento, nem de abrigo, muito menos de carinho, atenção e afeto. Mesmo assim, os animais abandonados estabelecem vínculos entre si e muitos deles formam grupos organizados e coesos.
Com isso, eles conseguem superar os desafios que surgem a cada instante: a fome, o frio, uma pancada de chuva. Os peludos estabelecem relações individuais, quase sempre obedecendo a uns, brincando com outros, protegendo os mais frágeis.
Em casa, os cachorros também sentem falta dos amigos mortos. Uma pesquisa do College of William and Mary (Williamsburg, na Virgínia, EUA), realizada em 2015, revelou que os cães sentem saudades e o sentimento se expressa através de sinais evidentes.
Os animais em luto resistem à interação social, mesmo com os membros mais queridos da família. Eles também podem perder o apetite, ter um aumento nas horas de sono, estresse e ansiedade. Além disso, os episódios de busca, em que o peludo procura o amigo, são bastante frequentes.
Felizmente, a imensa maioria consegue superar as perdas. Depois de algumas semanas, eles guardam a saudade e voltam a brincar com a família e a proteger todos os parentes.
Vale lembrar: os cães também têm sentimentos.