Esta mulher precisou deixar o país, mas gastou tudo que tinha para não deixar a cachorra para trás.
Uma mulher moradora de Hong Kong precisou deixar a cidade, uma região administrativa especial cujo controle foi retomado pela China há pouco mais de duas décadas. Maggie migrou para a Irlanda, mas enfrentou um problema: levar Karta com ela. Ela gastou todas as economias, para não abandonar a cachorra doente.
Hong Kong tornou-se uma colônia britânica em 1842, com o fim da Primeira Guerra do Ópio. Em 1997, a China finalmente retomou a soberania sobre a região e ocorreu um grande fluxo de migrações desde então, principalmente para o Japão e a Europa.
Há dois anos, o marido de Maggie (o sobrenome não foi divulgado; ela passou a ser conhecida na imprensa como Maggie Hong Kong) transferiu-se para Dublin, a capital irlandesa.
Em maio de 2021, a mulher resolveu reunir a família.
Karta, no entanto, era um obstáculo a ser superado. A cachorra da raça golden retriever, de 15 anos, tinha diversos problemas de saúde por causa da idade avançada. Não seria fácil para Maggie viajar com ela.
Desde que Hong Kong foi reanexada à China, um grande número de habitantes deixou a região.
Muitos deles abandonaram os animais de estimação, deixando-os para trás e gerando um sério problema para a cidade.
Maggie, no entanto, sabia que não poderia deixar Karta sozinha: ela simplesmente não conseguiria sobreviver. À rede britânica de emissoras BBC, a tutora afirmou apenas: "Você deixaria um filho para trás se mudasse de país?".
A golden retriever não poderia ser despachada em um voo regular. Por questões de saúde, ela poderia não resistir à viagem se fosse transportada no compartimento de carga. Maggie decidiu então viajar em um voo privado. O custo total foi de US$ 35 mil, o equivalente a pouco menos de R$ 167 mil pela cotação atual.
Era todo o dinheiro que Maggie tinha à disposição. Ela também deveria ter de arcar com as despesas decorrentes da mudança, mas a tutora declarou que a cachorra valia o esforço e o gasto.
Em poucos dias, Maggie reencontrou o marido na capital da Irlanda. Finalmente, a família estava reunida. Para a golden retriever, que não entende nada de geopolítica, a viagem foi tranquila. Ela ficou muito contente em rever o pai humano.
A história de Karta e Maggie ficou conhecida alguns meses depois, quando a tutora publicou um resumo nas redes sociais.
As postagens viralizaram e atraíram a atenção da imprensa. A última declaração foi a seguinte: "Faço um apelo para as pessoas que estão emigrando, para que não abandonem seus pets. Se for possível, levem-nos com vocês".
Somente em 2020, mais de sete mil animais de estimação deixaram Hong Kong juntamente com os tutores.
Um número bem mais expressivo, contudo, pode ter sido abandonado nas ruas da cidade.
Desde que os cachorros sejam saudáveis, não há problemas em viajar de avião. Os tutores precisam levar em conta as características individuais dos pets: a maioria tem de viajar no compartimento de carga, longe da presença da família, o que pode gerar muita ansiedade.
A exceção fica por conta dos cães guia e dos animais de pequeno porte, que podem voar na cabine, em gaiolas de transporte especiais.
No Brasil, nas viagens domésticas, as três grandes empresas aéreas aceitam a presença de cães e gatos nos seus voos. Cada uma tem regras próprias e é necessário informar-se sobre a disponibilidade: dependendo do trajeto, as vagas são limitadas.
Para viajar para fora do país, é necessário atender às exigências do destino. Em geral, os tutores precisam estar com a carteira de vacinação em dia e com um atestado de boas condições de saúde gerais, assinado por um veterinário e datado com no máximo dez dias.
Algumas companhias aéreas não aceitam transportar filhotes – os tutores devem comprovar que os pets têm mais de quatro meses de idade. É preciso que as doses mais recentes das vacinas tenham sido aplicadas entre um e 11 meses antes do voo.
Cada empresa aérea pode cobrar taxas diferenciadas para o transporte de animais de estimação (com exceção dos cães guia, que viajam de graça). Os valores costumam ser cobrados por trecho (se houver duas escalas, o valor pode ser triplicado).